segunda-feira, 2 de abril de 2012

III Trilhos de Almourol - Perto de não conseguir...

Este fim de semana que passou (31 de Março e 1 de Abril) teve muitas histórias para contar: a minha maior viagem a conduzir (290 kms entre Barrancos e o Entroncamento), dormida numa camarata da tropa, ficar preso no trânsito devido a inundações (Alpiarça)... foi mesmo casativo e cheguei a casa de rastos... mas foi muito bom e hoje sinto-me como novo.
Mas só vou relatar a minha maratona nos III Trilhos de Almourol.
Depois de uma noite mais ou menos bem dormida, pois acordei muitas vezes, eram 6.20 horas quando o corpo pediu-me para ir à casa de banho. Fui rapidamente, pois tinha mesmo de ser rapidamente e, estava com cag... raios!!! Fiz o serviço e voltei para a cama. Quando tenho provas costumo levantar-me com genica e cheio de vontade de correr; neste caso apetecia-me dormir mais, e só de pensar que tinha pela frente 42 kms... decidi ir tomar um duche para ver se arrebitava e, assim fiz. Duche tomado, equipamento posto, lá fomos para o pavilhão onde tomei o pequeno almoço.
Ás 8.45 horas partimos de autocarro para a Aldeia do Mato. Fui na companhia do Fernando Morais, meu vizinho de Santo Aleixo da Restauração e em amena cavaqueira foi uma boa viagem. Chegados à Aldeia do Mato, dirigi-me a uma casa de banho... estava outra vez incomodado! Como não havia papel decidi não fazer nada.
Os momento que antecederam a partida serviram para tirar o fotografia de família do Mundo da Corrida e, o Fernando sugeriu um treino para Ronda, pois nós os dois e o Zé Carlos somos da mesma equipa. Era uma boa ideia e como eu pensava estar em forma sabia que podia ser interessante. A prova começou e lentamente iniciámos o "treino" para Ronda. Logicamente eu ia muito confortável, pensando que ia ter uma prova calma e sem cansaço. O Vitorino ia perto de nós e não se calava!!! O ambiente era muito agradável. Por volta dos 5 kms começo a sentir que o ritmo estava a ser forte demais para mim. Mas que raio, íamos em ritmo de treino e eu não estava a aguentar. Disse-lhes para se irem embora. O Zé Carlos continuou  a puxar por mim e ainda me conseguiu "arrastar" até ao primeiro abastecimento no km 8. Eu sentia o estômago pesado e tinha a sensção má disposição. Não dava mesmo mais. Comecei a fazer tudo a passo, nem nas descidas conseguia correr. Psicologicamente estava de rastos e nem as palavras de incentivo de alguns atletas que iam passando por mim me animavam. Ainda tentei "colar-me" a algum grupo mas iam todos muito rápidos para mim... e estamos a falar da cauda do pelotão. Fui-me arrastando penosamente e tomei uma decisão que me magoaria imenso: vou desistir no abastecimento dos 16 kms. Sendo eu um atleta de baixa qualidade, o meu grande orgulho é ter completado todas as provas onde participei, mas a meta estava muito longe e o sofrimento era bastante.
Quase a chegar ao abastecimento sou apanhado pelo amigo e colega de equipa Mário Lima a quem comuniquei que ia ficar por ali. Ena... levei grande raspanete. Estou a brincar. Deu-me um safanão e literalmente obrigou-me a continuar.
- Não desites nada, vens comigo e com a Ana. Nós vamos devagar. Aqui temos de ser uns para os outros. Vá, vamos lá tirar uma fotografia.
Eu estava mesmo mal, mas como contrariava o Mário Lima? Como negava este apoio? Lá me fui arrastando atrás deles e a moral começou a subir ligeiramente. Até ao km 20 fui recuperando física e psicológicamente e a palavra "desistir" começou a ficar fora da minha cabeça. Começava a sentir-me bem e deixei a minha vitamina para trás. De qualquer forma vou dizer outra vez, porque sinto-me muito agradecido. OBRIGADO MÁRIO LIMA.
A prova que apesar de muito bonita tinha-me feito sofrer bastante começou a dar-me prazer com a aproximação ao Castelo de Almouro. Estava feliz, motivado e a correr novamente com prazer. Ia passando por alguns atletas que me tinha visto "morto" e estava tão feliz que a muitos disse: "numa prova destas é proibido desistir".
E pouco mais há a contar da minha prova. Desportivamente tive um dia muito mau, mas aprendi a sofrer e aprendi que por vezes um incentivo forte vale mais que mil medicamentos. Muito obrigado a toda a Equipa da CLAC que montou mais um ano uma grande jornada de trail; equipa que transborda simpatia e nos faz sentir em casa. E Mário e Ana, este meu prémio de finalizador é vosso. Obrigado.
Relativamente à Organização só uma palavra: perfeito. Com provas destas todos querem regressar e eu serei um deles.

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