quarta-feira, 28 de março de 2012

Por Tierras de Jara - Treino Convívio

Em 2009 comecei a praticar atletismo... e conheci uma modalidade que é a corrida por trilhos em pleno contacto com a natureza. A cada prova que ia ficava maravilhado; que sítios, que percursos maravilhosos. Este desporto é aquilo que eu sempre quís fazer: alia a corrida ao contacto com a natureza e proporciona grande convívio entre os participantes; além disso ficas a conhecer imensos locais neste país magnífico que nós temos.
Só havia algo que me deixava triste: em Barrancos não tinha aquelas montanhas, aqueles trilhos... que pena!!!! Lá treinava eu no alcatrão ou em largos estradões de terra batida.
Fui fazendo alguns bons amigos e a todos os locais onde me deslocava era recebido da melhor forma possível... queria retribuir... mas trazer estes amigos a treinar no alcatrão não era boa ideia!!! Um dia, numa amena cavaqueira, com dois grandes senhores desta modalidade, sugeriram-me que fizesse um treino entre o Castelo de Noudar e Barrancos, mas sem ser pela estrada principal... estão loucos (pensei eu)... por ali não se passa!!! Não? Fui explorar a zona e fiquei fascinado: grandes trilhos que aqui há. Quando os descrevi, o Victor Ferreira perguntou-me se tinha descoberto o céu!!!! Quando vieram cá alguns amigos penso que gostaram bastante, e são atletas que já percorreram muita coisa por essa Europa fora.
Este ano decidi fazer um Ultra Treino com um mínimo de 60 kms. Básicamente, para quem conhece, vamos de Barrancos até ao Castelo de Noudar pelas Mercês; depois vamos do Castelo de Noudar à Ermita de Flores, passando pela Coitadinha, Pipa e Ribeira do Cadaval; da Ermita de Flores vimos até Barrancos, sempre por trilhos. A segunda parte vai de Barrancos até o Mirante de Encinasola, via CansaLobos; do Mirante vamos até aos Picos de Aroche, Convento da Tomina, Mirante da Contenda e Barrancos... cansados?!!!!
Estive a explorar este percurso e já vou no Mirante de Encinasola. O que eu quero dizer é que este percurso é um Hino ao Património Natural e Cultural. Como é que eu nunca tinha passado por alguns locais que são simplesmente tesouros escondidos? Não dá para descrever o percurso... tenho fotografias mas não retratam o que se sente nalguns destes sítios... MAGNÍFICO.
Seremos muitos poucos aqueles que no dia 28 de Abril vamos ter o previlégio de fazer este percurso que é muito, muito bom. Tem mais dos 60 kms pensados mas não vai haver cansaço certamente.
Conclusão: afinal em Barrancos há trilhos, há percursos... e que trilhos, e que percursos!! Posso cá receber amigos que queiram vir treinar... posso retribuir tudo aquilo que tenho recebido. Dia 28 de Abril vai haver um treino aberto a quem quiser participar. Mas quem não puder vir nesse dia, venha quando quiser... apareçam quando quiserem. Isto é LINDO. E o melhor de tudo é que ainda tenho tanto para explorar, tanto para descobrir. Barrancos é pequeno? EM BELEZA E RIQUEZA AMBIENTAL É ENORME.
Amigos fico à vossa espera... EU ESTOU EXTASIADO.

segunda-feira, 19 de março de 2012

XX Maratona de Badajoz

         Esta foi a minha terceira maratona, e seria a primeira onde o único objetivo não era terminar. Gostaria muito de fazer 3.30 horas, mas baixar das 3.45 horas era o objetivo mínimo a alcançar.
         Levantei-me às 5.30 horas, aprontei-me e às 6.15 horas lá fui para Badajoz na companhia da Cristina. Tomei de pequeno almoço uma sandes de marmelada com um copo de leite e uma popia. O sol nasceu íamos chegando a Oliva de la Frontera e a viagem até Badajoz foi rápida. Procurei o Vitorino que tinha recolhido o meu dorsal, cumprimentei-o e voltei para o carro para me preparar. Muita vaselina nos pés e nos mamilos, uma dose de bebida isotónica, duas pastilhas de isostar e um pequeno aquecimento. Encontrei o António Almeida e lá tirámos a fotografia de equipa do Mundo da Corrida.
         Havia muitos portugueses a participar, até parecia que estávamos em casa. Depois de alguns cumprimentos eram 8.30 horas, tempo de partida. Após o sinal de partida coloquei o ritmo de 5min/km. O ritmo estava a ser bastante confortável mas pela frente tinha muitos quilómetros, por isso nada de aventuras. A primeira parte ao longo de uma grande avenida que ladeia o rio Guadiana, ora no sentido Badajoz / Elvas, ora no sentido contrário foi feita de forma muito agradável dentro do ritmo previsto. Rapidamente estávamos a passar a ponte, local mais bonito da prova, e no final lá estava uma grande claque portuguesa e espanhola. Grande apoio. Sentia-me mesmo muito bem… por vezes apetecia-me acelerar mas sabia que tinha de me conter. Entrei na parte menos agradável, entre o quilómetro 11 e 14, mas a companhia de atletas portugueses ajudou a passar este bocado. Novamente no interior de Badajoz e com um percurso ligeiramente a baixar acelerei até à passagem na meta à meia maratona. Não sei ao milímetro o tempo de passagem mas rondaria 1.43h. Continuava muito bem, só sentia uma ligeira dor muscular nos músculos da coxa, mas de resto a coisa estava bastante bem.
         Entro na segunda volta muito fresquinho. Para quem terminou as últimas duas meias maratonas de rasto isto estava a correr muito bem. Fui passando por alguns atletas e pensando que bateria o meu record pessoal sem problemas (3.52h). Até ao quilómetro 30 vou mesmo muito bem, passo a ponte e sigo a bom ritmo… entre o quilómetro 32 e 35 começo a perder o bom humor… sinto que finalmente vou ter de sofrer e sofri bastante a partir do quilómetro 35. Só faltavam sete quilómetros… digamos que faltam 5 de sofrimento e 2 de glória!! Fui-me arrastando, de cara fechada, sem agradecer os estímulos vindos do público; pedia desculpas para dentro mas não conseguia agradecer. Consegui no entanto manter um ritmo aceitável por volta dos 5.30/km… e a meta já lá estava com 3.33.24… ainda pensei parar para fazer 3.33.33!!!
         Não consegui baixar as 3 horas e meia mas fiquei muito feliz com a minha prova. Disfrutei muito até ao quilómetro 32; a nível de estrada foi a prova onde me senti mais bem e foram 32 kms de puro prazer: falei com colegas de prova acenei e agradeci o apoio do público, disfrutei da paisagem e percebi o porquê desta prova ser tão agradável: afinal Badajoz é uma cidade bonita e o percurso bastante interessante.
         Após a prova tomei o duche e regressei a Barrancos. Peço desculpa por não ter assistido à cerimónia de entrega de prémios, completamente dominada pela armada lusitana, mas tinha de estar cedo em casa.
         Termino, dizendo mais uma vez que aconselho esta maratona a todos os meus amigos. Para o ano lá espero voltar para a XXI Maratón de Badajoz.

segunda-feira, 12 de março de 2012

As minhas corridas...

Atualizado em 12 de março de 2012.
43 provas - 1 290 717 metros = 1 290,717 km
Distância
Piso
Provas
Estrada
Trail
Areia
T
Até 10 kms
3
1
1
5
- Corrida Baía de Montegordo (24/08/2008)
- Corrida 250 kms de Oeiras (10/07/2009)
- XXIV Escalada do Mendro (03/06/2010)
- Corrida Mestre de Avis (15/08/2011)
- San Silvestre de Burguillos 31/12/2011)
Entre 10 e 21 kms
0
10
0
10
- VII Edição do Cross Laminha (17/01/2010)
- I Trail Loucos da Reixida (20/06/2010)
- Ax Trail Fajão (25/09/2010)
- Ax Trail Benfeita (26/09/2010)
- Ax Trail Gondramaz (23/10/2010)
- Ax Trail Casal Ferraria (24/10/2010)
- VIII Edição do Cross Laminha (16/01/2011)
- II Trilhos Loucos da Reixida (19/06/2011)
- I Grande Trail Serra D`Arga (23/10/2011)
- IX Edição do Cross Laminha (15/01/2012)
Meia Maratona
6
2
2
10
- Meia Maratona de Portugal (04/10/2009)
- XXXV Meia Maratona da Nazaré (15/11/2009)
- II Meia Maratona na Areia (16/05/2010)
- IV Meia Maratona de Montanha de Tentúdia (05/06/2010)
- V Meia Maratona de Mérida
- III Meia Maratona na Areia (15/05/2011)
- V Meia Maratona de Montanha de Tentúdia (28/05/2011)
- I Meia Maratona Pablo Villalobos 04/11/2011)
- Meia Maratona Solidária Tina Maria Ramos (08/01/2012)
- VI Meia Maratona de Mérida (04/03/2012)
Entre 22 e 41 kms
0
9
0
9
- I Trail Nocturno Lagoa de Óbidos (08/08/2009)
- I Trail Terras de Sicó (28/08/2010)
- I Trail do Almonda (11/07/2010)
- II Trail Noturno Lagoa de Óbidos (07/08/2010)
- I Trilho dos Abutres (22/01/2011)
- II Trail Terras de Sicó (27/02/2011)
- II Trilhos de Almourol (03/03/2011)
- Trail Vale de Barrís
- III Trail Terras de Sicó (26/02/2012)
Maratona
2
0
0
2
- XIX Maratona de Badajoz (30/01/2011)
- XXVII Maratona de Sevilha (13/02/2011)
Entre 43 e 60 kms
0
3
2
5
- Ultra Maratona Atlântica Melides Tróia (01/08/2010)
- I Ultra Maratona de Sesimbra (12/06/2011)
- Ultra Maratona Atlântica Melides Tróia (17/07/2011)
- III Ultra Trail Nocturno Lagoa de Óbidos (13/08/2011)
- II Trilho dos Abutres (28/01/2012)
Entre 60 e 100 kms
0
0
0
0

Mais de 100 kms
0
2
0
2
- 101 kms de Ronda (
- Ultra Trail Tilenus Extreme (02/09/2011)
Total
11
27
5
43

sábado, 10 de março de 2012

Maratona - A Prova Raínha

Começo a ter algumas provas no meu curriculum de atleta... dos 6 aos 105 kms; de trail, areia e alcatrão. Sou um atleta feliz porque gosto de todas as distâncias e gosto de todos os pisos. Enfim, gosto de praticar atletismo. Lógicamente tenho preferências por distâncias longas que me façam entrar nas entranhas da natureza. Mas hoje, vou dedicar algumas palavras à maratona de estrada: 42,195 km.

Até hoje realizei duas maratonas (Badajoz 2011 e Sevilha 2011) tendo como record pessoal 3.52.42. É uma prova pela qual tenho um grande respeito, a roçar um pouco a palavra medo, pois é muito tempo a massacrar sempre os mesmo músculos. No próximo dia 18 vou fazer a terceira, repetindo Badajoz, uma Maratona muito "caseira" com poucos participantes mas onde os atletas são muito acarinhados, quer pela organização, quer pelos habitantes de Badajoz. Além disso grande percentagem dos participantes são colegas portugueses. Juntando todos estes ingredientes estão reunidas todas as condições para uma bela manhã de atletismo.

Para esta prova tenho objetivos pessoais. O primeiro, terminar a prova, este é sempre o meu primeiro objetivo; o segundo, terminar abaixo das 4.00 horas, o que será feito se não surgir alguma lesão durante a mesma; o terceiro, bater o meu record pessoal, o que também será relativamente fácil. Mas o meu grande objetivo será baixar das 3.30 horas. Não me parece impossível, aliás sinto que está bem ao meu alcance, pelo menos enquanto estou aqui sentado a escrever estas linhas... nas "calles" de Badajoz, logo se verá.

Nos vemos em Badajoz.

terça-feira, 6 de março de 2012

VI Media Maratón de Mérida Património de la Humanidad

  Não tenho muitas meias maratonas no meu curriculum de atleta, mas tendo feito algumas de grande renome como a Meia Maratona da Nazaré e a Meia Maratona de Portugal, digo sem dúvidas nenhumas que a Meia Maratona de Mérida é a mais monumental que tenho realizado. O percurso é um Hino à História.

Domingo às 5.30 horas tocou o despertador, levantei-me, tomei um duche para revitalizar o corpo, equipei-me, meti o farnel num saco e lá fui eu a caminho de Mérida no meu “Ferrari Saterlet”. São 135 kms entre Barrancos e Mérida. Para quem não gosta de conduzir, acreditem que é mesmo muito. Mas a viagem foi boa; ao som da Europa FM e com praticamente nenhum trânsito cheguei a Mérida perto das 8.00 horas, consegui um estacionamento mesmo ao pé do Pabellon Guadiana e lá fui levantar o dorsal 797 com o nome Francisco Bossa.

Faltavam 90 minutos para a prova, então fui de passeio até ao centro da cidade passando pela ponte romana. Havia algum movimento de atletas, muita gente equipada e alguns locais a praticar atletismo e ciclismo no parque da cidade. Era hora de me preparar. Coloquei vaselina nos pés e nos mamilos (sexy), tirei o fato de treino, coloquei o dorsal, comi uma banana (já havia comido uma sandes à chegada), bebi mais um gole de água e já está; estava prontinho para começar. Faltavam 30 minutos. Fui até à zona da partida onde aqueci suavemente; cumprimentei alguns atletas do Atletismo Clube de Portalegre (afinal havia ali portugueses de qualidade) e lá estava na molhada… tanta gente, boa música, animador animado… não sentia dores, sentia-me solto… não havia desculpas para não bater o meu melhor tempo: 1 hora e 36 minutos.

Surgiu o tiro de partida. Não consegui sair rápido pois a multidão não deixava, só após o primeiro quilómetro que foi feito a mais de cinco minutos consegui entrar em ritmo para um bom tempo. O percurso é maravilhoso, não me canso de dizer isto, para fazer uma boa prova basta apreciar a paisagem e ligar as pernas em piloto automático. Com quatro quilómetros de provas já cruzámos as três pontes sobre o rio Guadiana e estamos próximos do primeiro abastecimento. Passo, apanho uma garrafa de água e sigo em bom ritmo. Ao quilómetro seis embalo para entrar no Circo Romano, uma autêntica pista de corta-mato; aqui estavam uns figurantes vestidos a romano… realmente parecia que tínhamos entrado na máquina do tempo… estávamos a fugir da nossa realidade, dos nosso problemas e ali estávamos nós em plena época dos Romanos; está de parabéns a organização. Saímos do Circo Romano e estávamos outra vez nas “calles” da bonita cidade de Mérida… 7 kms já estavam. Sentia-me muito bem de pernas mas com algum cansaço a nível de caixa; ía nos limites e assim prossegui até ao 10º quilómetro. Não levava o tempo certo mas faria abaixo da 1 hora e 36 minutos… mas estava a ficar cansado… abrandei um pouco, não muito. O percurso espetacular continuava, mas já pensava mais nos quilómetros que faltavam que na beleza da paisagem… faltam 2 quilómetros para o próximo abastecimento, 7 para o fim (20 kms) e 1 para a consagração (21 kms)!!! Quando começo a esmiuçar o percurso em pequenas etapas não é muito bom sinal. E lá continuei com essas contas quilómetro a quilómetro, acelerando nas pequenas descidas e sofrendo nas pequenas subidas (até as lombas para os carros eram para mim uma subida!!!). Ao quilómetro 19 um grande alento com nova passagem pelo interior do Anfiteatro Romano… fabuloso… estes “romanos” são loucos. Olho para o relógio vou com uma hora e meia por isso o objetivo é só ficar abaixo da uma hora e quarente. Aproximo-me do quilómetro 20, olho para o relógio que marca 1:35:15… entro em “parafuso”… faltam poucos metros… vou bater o meu record?!!!! Acelero… travo… opá ainda falta o último quilómetro… o da consagração… tinha-me esquecido deste!!!!! Mas lá fui descansadinho a um bom ritmo ao som de muitos e muitos aplausos com que os Emeritenses nos brindaram terminando a roçar a uma hora e quarenta.

Terminei e sentia-me muito bem. Apanhei o saco do atleta bem recheado de prendas e dirigi-me até à bancada das cervejas… recuei, ainda tinha de conduzir e a cerveja dá-me sono. Fui até à banca da coca-cola e bebi dois copitos, depois despedi-me do ACPortalegre e dirigi-me à minha viatura. Antes vi um aglomerado de pessoas a tirar fotografias… estava lá o grande atleta espanhol Abel Antón… também quis ficar no retrato. Estava feito.

E lá me dirigi à minha viatura já com a t-shirt da prova (havia feito “streap” em plena Plaça Mayor). Passei novamente a ponte romana (pela quarta vez) e, desta vez parecia interminável… fiz uma corridinha e cheguei ao meu “starlett”. Não queria pegar… pegou à quinta tentativa… ufffff. E pronto regressei a casa a média velocidade novamente ao som de Europa FM. Fiz 270 kms de carro!!!! Quem me conhece sabe que só faria essa distância para fazer algo que me goste mesmo: atletismo.
Quanto ao objetivo de baixar 1.36 na meia maratona só o conseguirei se treinar especificamente para esse objetivo… com o tipo de treinos que faço 1.39 é o meu tempo, pois nas últimas 4 meias maratonas o fiz em três vezes. Para já tenho outros objetivos… mas este não está esquecido.

Só por curiosidade terminei no 404º lugar, 80º no escalão, com o tempo de chip de 1.39.43 num conjunto de 912 finalistas.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Dorsal 1

Não sei qual a razão mas sou um apaixonado pelos dorsais das provas que faço. Tenho-os todos religiosamente guardados, são um troféu, já que não ganho outros! Por norma gosto de ter dorsais com números baixos, daí inscrever-me com antecedência em muitas provas.
Na primeira edição do Trail Terras de Sicó corri pela primeira vez pelo Mundo da Corrida, daí o valor sentimental desta prova para mim. Sendo assim, decidi inscrever-me com rapidez na terceira edição de forma a conseguir um dorsal com um número baixinho… fui informado que seria o Dorsal 1.
O Dorsal 1?!!!! Eu?!!!! Quem é que usa o dorsal 1? Normalmente o vencedor da edição anterior, um grande campeão, alguém que já deu muito por uma determinada prova… enfim, alguém VIP. Agora eu com o Dorsal 1?!!!!
Honestamente sei que não sou merecedor de tamanha honra… eu sou um simples atleta do meio do pelotão. Inicialmente pensei em renunciar a este número; ainda alertei a minha equipa. Mas afinal foi bom ser o Dorsal 1; e isso demonstra algo que eu já sei: nesta modalidade somos todos iguais, somos todos campeões… desde o mais rápido do pelotão até ao mais simples “caracol”.
Para terminar vou contar algo que resume bem este meu pensamento. Ao passar em Condeixa-a-Velha, no regresso, um senhor viu que eu era o dorsal 1 e pediu-me para me tirar uma fotografia. Eu disse-lhe que era um dorsal 1 muito fraquinho.
“Fraquinho?!!! Vocês são todos uns grandes campeões.”
E somos mesmo: fazemos provas sem destino, galgamos montanhas sem fim, corremos na areia, no asfalto, na terra , na lama… afinal todos merecemos o dorsal 1; no dia 26 nos III Trilhos Terras de Sicó coube-me a mim essa honra.

quinta-feira, 1 de março de 2012

III Trail Terras de Sicó - A minha prova

         O dia amanheceu algo nublado, mas com perspetivas de o sol brilhar com intensidade logo pela manhã. Levantei-me por volta das 7.00 horas, tomei um duche para “revitalizar” e fui até ao centro de Condeixa com a minha Mariana tomar o pequeno almoço. Uma sandes de fiambre, um pastel de nata e um galão foi o meu repasto.
         Por volta das oito horas iniciei o meu aquecimento com uma corrida muito leve e às 8.30 horas lá estava na linha da partida mantendo conversas fugazes e saltitando ao som da música para manter o físico e o espírito ativos. O ambiente estava muito agradável: temperatura amena, céu nublado, muita gente, boa música… tudo isto, na bonita praça central de Condeixa-a-Nova. Pouco depois da hora prevista lá ouvimos o tiro de partida para o início da terceira edição desta magnífica prova.
         Comecei a prova na traseira do pelotão pois sabia que estava com excesso de treinos mas, está-me no sangue, decidi esquecer o cansaço e dar tudo o que tinha; não era grande coisa mas era alguma coisa! Rapidamente chegámos às Ruínas de Conímbriga, sim esta prova nos permite passar pelo centro das ruínas. Não somos uns privilegiados? Aqui seguia em bom ritmo, ao ritmo das senhoras mais rápidas e sentia-me bastante bem, aproveitando as descidas para acelerar ao máximo. Com meia hora de prova já estava no abastecimento do Poço, bebi um copo de água e siga… após um pequeno troço de alcatrão seguimos por um trilho que serpenteava a serra e nos levava até à Fonte Coberta. Nesta aldeia estava o segundo abastecimento e aí cometi o primeiro erro: não comi no abastecimento pois sentia-me bem. Sabia das dificuldades que se seguiam mas fui imprudente. Assim que iniciei a subida após esta localidade parei para “mudar a água às azeitonas” e quando retomei o caminho os companheiros de corrida já eram outros. Fiz a subida ora a caminhar, ora em corrida lenta, e começava a sentir algum cansaço. No alto, a paisagem alimentava a alma e o cansaço esbatia-se retemperando o corpo para ultrapassar as dificuldades que ainda estavam para vir. E como tudo o que sobe desce, eis que no alto da serra, quando começamos a descer deparamos com um dilema: corremos e apreciamos a paisagem com o risco de uma grande queda, ou simplesmente corremos com os olhos cravados no chão para evitar surpresas? Eu corri com os olhos cravados no chão e, de vez em quando, lá levantava e cabeça e apreciava o imenso horizonte… imenso… imenso… de perder de vista. Caramba se a natureza é tão bela porque a destruímos? Bem, mas nós que por aqui passámos fomos brindados com toda esta beleza e a apreciámos. Após a descida, e quase a chegar a Serra de Janeanes entrámos na rua do Quelha (em espanhol rua diz-se “calhe”, e nós em Barrancos chamamos “calheão” a uma rua estreita). Mas este percurso por entre duas paredes é outro dos encantos destes trilhos. E lá estávamos nós na Serra de Janeanes para mais um abastecimento. Confesso que aqui já estava mesmo cansado e ainda faltava muito trilho a percorrer.
         Mal tínhamos recomeçado e lá estava mais uma subida… no final da subida vejo o Fernando Fonseca que me pergunta: então Francisco tudo bem? Eu pensei: o que será tudo bem? O percurso ou eu? Epá o percurso é fabuloso mas eu estou todo roto!!! Fui sincero.
Antes das Buracas do Casmilo mais uma descida que fiz mais lentamente e nas Buracas deu-me mesmo vontade de lá ficar. Que MARAVILHA. Quem não conhece deve lá ir, aqueles buracos tão perfeitos escavados nas rochas são dignos de maravilhas de Portugal. Já lá tinha estado algumas vezes e espero voltar muitas mais… DESLUMBRANTE. Mas a euforia de aqui estar terminou quando vi a subida às eólicas: meu Deus!!! Como é que eu vou subir esta parede; sim aquilo é mesmo uma parede. Quando estamos descansados é giro e o objetivo é fazer aqueles 500 metros a correr sem parar, mas quando já estamos debilitados que era o meu caso aquilo é um “monstro”. Bom, mas lá fui no carreirinho de gente e sem parar cheguei lá acima, ergui os braços para a fotografia e retomei a corrida em direção ao próximo abastecimento. Bebi água e prossegui encosta abaixo. Pouco depois dos 23 kms ultrapassámos a parte mais perigosa do percurso, mas muito bem sinalizada, e ao km 25 aconteceu-me algo inédito: um ataque de fome!!!! Já tinha ouvido falar mas não sabia o que era ficar “sem gasolina”. Mesmo assim não parei; sabia que o próximo abastecimento estava a menos de um quilómetro. Foi o pior quilómetro da minha vida: pensava em tudo o que era comida boa e estava mesmo sem forças. Quando cheguei ao abastecimento do Casmilo atirei-me logo ao pão com mel, comi que nem um desalmado (acho que os amigos que estavam na mesa do abastecimento devem ter ficado assustados); foram para aí dez pedaços de pão com mel. O Fernando Fonseca falava comigo mas eu nem o ouvia, pois eu queria era comer. Só depois é que vi que também havia cerveja: bati duas imperiais… mas sentia-me recomposto para subir às antenas. Antes tirei a fotografia da praxe com o grande dinamizador desta prova e lá segui todo lambuzado para combater o próximo obstáculo. Confesso que ainda ia com receio mas a subida às antenas correu bastante bem e a descida seguinte consegui novamente voltar a correr com alguma velocidade. Assim, de um momento para o outro estava no Furadouro, e caminhava a passos largos para o final da prova. Após o furadouro mais uma subidinha durita mas a Ameixeira era já mesmo ali. Senti uma pequena quebra ao entrar em Condeixa-a-Velha e daí até à meta voltei a sofrer um forte cansaço, mas a prova estava feita… e que prova. A meta era digna de uma prova desta dimensão: passadeira vermelha e após a mesma um banquete de reis. Um azulejo, depois uma garrafa de vinho, depois um queijo, depois mel, pelo meio uma escarpiada (pedi duas porque tinha fome)… e depois cerveja… MUITA cerveja: loira ou preta a escolha é do atleta… uma preta, duas pretas, três pretas… não quis água que essa enferruja!!! Após este banquete fiquei como novo, fui ao duche e… por mim teria repetido: TUDO.
         Não posso falar da prova em si pois faltam-me adjetivos, direi simplesmente que não notei falhas, que via os participantes com um sorriso nos lábios, que vi a organização com um sorriso nos lábio, que via os habitantes de Condeixa com um sorriso nos lábios… dizer o que?!!! Saí de lá com um grande sorriso nos lábios e que venha a quarta edição que esta foi MESMO MUITO BOA.